A ONU exige a ‘suspensão imediata’ de planos de gás na Amazônia

25 março 2013

Expandir Camisea poderá expor os índios Nanti a doenças para as quais eles têm baixa imunidade © Survival

Esta página foi criada em 2013 e talvez contenha linguagem obsoleta.

As Nações Unidas exigiram a paragem imediata na expansão de um grande projeto de gás na Amazônia Peruana, preocupadas pelo grave risco que enfrentam as tribos isoladas vivendo nas imediações.

Em carta enviada ao governo do Perú, o Comité para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU – Comité CERD – pede a ‘suspensão imediata’ dos planos de expansão do projeto de gás Camisea mais para o interior da reserva Nahua-Nanti, uma vez que essa é uma ‘ameaça à sobrevivência física e cultural dos povos indígenas que aí habitam’.

O pedido segue-se a um apelo que diversas organizações indígenas peruanas fizeram ao Comité CERD. A AIDESEP, ORAU e COMARU estão também movendo uma ação na justiça contra o governo e as companhias envolvidas no projeto de $1.6 bilhões de dólares.

Camisea é gerido por um consórcio de companhias que inclui a Pluspetrol da Argentina, a Hunt Oil dos Estados Unidos e a Repsol da Espanha, sendo um dos maiores projetos de gás na Amazônia.

Mais de metade do povo Nahua morreu por doenças quando a Shell começou a fazer prospeções, naquela área, nos anos 80. © David Hill/Survival

O projeto de gás está implantado no coração da Reserva Nahua-Nanti, que foi criada para proteger a terra e a vida de índios isolados.

As companhias estão planejando levar a cabo testes sísmicos na floresta – detonando milhares de explosivos – e perfurar mais de vinte poços de exploração.

Os trabalhos terão um impacto devastador sobre os habitantes locais que dependem da floresta e da sua fauna para sobreviver. Quaisquer contatos com os índios isolados poderão tornar-se fatais.

Em 2003, um Decreto Supremo foi aprovado, como condição para o financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, proibindo qualquer expansão posterior do projeto. Porém, em violação flagrante do Decreto, o Ministério de Energia do Perú aprovou, em abril de 2012, parte da expansão do Camisea. O mesmo ministério está na iminência de aprovar a fase seguinte da expansão que rondará os $480 milhões de dólares.

O Diretor da Survival International, Stephen Corry, declarou hoje, ‘O governo peruano comprometeu-se com o Banco Interamericano de Desenvolvimento em como o projeto Camisea não seria expandido e até aprovou um Decreto Supremo transformando essa obrigação em lei. Agora está fazendo exatamente o contrário do que tinha prometido. Não é nenhuma sorpresa que a ONU está exigindo que este projeto nefasto seja interrompido’.

Povos isolados do Peru
Povo

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