Fotógrafa pioneira que escapou da perseguição nazista recebe homenagem alemã

28 agosto 2018

Claudia Andujar, fotógrafa e ativista, com Davi Kopenawa, um xamã e porta-voz dos Yanomami, 2010. © Fiona Watson/Survival

Esta página foi criada em 2018 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Uma mulher que fugiu da perseguição nazista quando criança e que depois liderou uma campanha para salvar uma tribo na Amazônia, está recebendo a principal homenagem cultural na Alemanha, a Medalha Goethe.

Claudia Andujar recebeu hoje, 28 de agosto, o renomado prêmio em uma cerimônia em Weimar. Vencedores anteriores incluem o músico Daniel Barenboim, o autor John le Carré, e o arquiteto Daniel Libeskind.

Claudia está sendo homenageada pelo seu trabalho inovador com os Yanomami, que levou ao estabelecimento da maior área florestal sob controle indígena no mundo. Especialistas dizem que os Yanomami não teriam sobrevivido sem o ativismo de Claudia. A Survival International lançou a campanha globalmente.

Um xamã Yanomami, uma das milhares de fotografias dos Yanomami que Claudia tirou durante seu trabalho de décadas com o povo. © Claudia Andujar/Survival

Stephen Corry, Diretor da Survival International, o movimento global pelos povos indígenas, apresentou Claudia na cerimônia, reconhecendo sua participação vital na sobrevivência dos Yanomami. Davi Kopenawa, o famoso xamã Yanomami, conhecido como “Dalai Lama da Floresta” também compareceu.

Claudia Andujar inicialmente viajou ao território Yanomami na década de 1970 como fotógrafa, e voltou muitas outros vezes para visitar e morar com a tribo. Ela testemunhou escavadoras destruindo aldeias Yanomami para construir a Rodovia Perimetral Norte, bem como as ondas de doenças trazidas pelos construtores, e depois garimpeiros ilegais, que dizimaram a população Yanomami.

Claudia disse ao Instituto Goethe: “Em campos de concentração, os prisioneiros eram marcados com números tatuados em seus braços. Para mim, eles eram aqueles marcados para morrer. O que eu tentei fazer depois com os Yanomami foi marcá-los para viver, para sobreviverem."


Um mapa mostrando uma área demarcada como o Parque Yanomami no Brasil. Até hoje, a terra dos Yanomami é a maior área florestada sob controle indígena do mundo. © ISA Instituto Socioambiental

Em 1992, após 14 anos de campanhas, o Brasil finalmente demarcou o território Yanomami. No entanto, a tribo continua a enfrentar muitas ameaças graves pois as autoridades brasileiras não protegem adequadamente a área. O território continua sendo invadido por garimpeiros ilegais que trazem violência e doenças, e uma epidemia de sarampo está atualmente ameaçando a tribo na fronteira Brasil-Venezuela.

Nota para editores:

Pesquisadores da Survival visitaram os Yanomami e estão disponíveis para entrevistas. Por favor contate [email protected]
Para entrevistas com Claudia Andujar, por favor contate o Instituto Goethe.

Biografia de Claudia Andujar

- Claudia nasceu em Neuchâtel, Suiça, e creceu em uma cidade (agora chamada Oradea, e antes de Nagyvárad) na fronteira entre Hungria e Romenia durante os anos de 1930.
- Sua cidade natal foi ocupada pelos nazistas e seu pai judeu foi preso. Ele morreu em um campo de concentração.
- Claudia e sua mãe fugiram primeiro para Áustria, depois Suíça, e então Estados Unidos, onde ela estudou humanidades no Hunter College, Nova York.
- Em 1956 ela se mudou para o Brasil, onde começou sua carreira em fotografia.
- Em 1971 ela foi fotografar os Yanomami para um artigo na revista Realidade.
- Em 1978 ela ajudou fundar a (e por muitos anos foi diretora da) Comissão Pró-Yanomami (CCPY), que defendia os direitos dos Yanomami.
- As impressionantes imagens em preto e branco que ela tirou da tribo continuam conhecidas mundialmente, e foram instrumentais na campanha que levou à criação do Parque Yanomami, na qual Claudia teve um papel vital.

Os Yanomami

- A terra indígena Yanomami no norte da Amazônia brasileira é lar para mais de 22,000 Yanomami. A população total Yanomami, incluindo aqueles na Venezuela, é de cerca de 35,000.
- Eles vivem em grandes casas comunais chamadas de yanos ou shabonos. Eles acreditam fortemente na igualdade entre as pessoas e não reconhecem “chefes”.
- O modo de vida dos Yanomami é comunitário. Um caçador nunca come a carne que ele caçou, mas sim divide entre amigos e parentes. Em retorno, ele receberá carne de outro caçador.
- Eles têm uma relação sofisticada com o ambiente e um conhecimento botânico vasto. No dia-a-dia eles usam cerca de 500 plantas para comida, medicamentos, construção de casas, e outros artefatos.
- Pelo menos três grupos de Yanomami permanecem isolados. Eles evitam intencionalmente interações com a sociedade dominante.
- A terra Yanomami é monitorada por uma única equipe da FUNAI que precisa urgentemente de apoio do governo para proteger a tribo, mas está sofrendo com graves cortes orçamentários.
- Garimpeiros ilegais continuam a invadir o território. Além de trazer violência e doenças, eles expoem a tribo à contaminação perigosa por mercúrio.

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