Terry Turner

11 novembro 2015

Com muita tristeza a Survival anuncia a morte de Terence Turner, professor de antropologia e presidente da Survival EUA © anon

Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Com muita tristeza a Survival anuncia a morte de Terence Turner, professor emérito de antropologia na Universidade de Chicago, professor visitante de antropologia na Universidade de Cornell e presidente da Survival International EUA.

Terry passou sua vida profissional como acadêmico, ensinando e escrevendo dezenas de artigos, mas seus interesses e atividades iam muito além.

Muitos vão se lembrar dele por seu ativismo e inabalável comprometimento com questões políticas e sociais que enfrentam os povos indígenas no Brasil, especialmente os Kayapó, com os quais ele fez seu trabalho de campo na década de 1960.

Ele disse uma vez que seu compromisso com o ativismo envolvia a luta de classes, mas ele viu que os Kayapó não têm nenhum sistema de classe; sua luta era contra a exploração.

Ele visitava-os regularmente e apoiava-os em sua oposição a políticas e projetos do governo, especialmente a polêmica barragem de Belo Monte no rio Xingu.

Terry Turner visitava regularmente os Kayapó, e apoiou a luta deles pelos seus direitos territoriais. © Terence Turner/Survival

Ele traduziu inúmeros documentos e foi intérprete para os Kayapó em suas viagens de lobby para Brasília, Europa e os EUA.

Na década de 80 ele era o consultor antropológico para a BBC e Granada Television em filmes que eles fizeram sobre os Kayapó. Em 1990, ele montou um projeto de vídeo com a tribo, que filmou e editou vídeos de seus rituais e cerimônias, assim como manifestações indígenas e debates sobre direitos indígenas no Congresso do Brasil.

Durante anos, os Kayapó pressionaram para que Kapotnhinori, um território ancestral, fosse reconhecido como a terra deles. Terry apoiou-os sinceramente, e realizou o levantamento antropológico que levou o território a ser formalmente identificado pelas autoridades brasileiras.

Terry pressionou, muitas vezes contra muita oposição, para que a Associação Americana de Antropologia abordasse questões de direitos humanos e ética de trabalho de campo. Ele falou sobre os impactos devastadores da invasão de terras Yanomami por garimpeiros, e testemunhou no Congresso dos EUA a respeito da destruição da floresta das tribos Awá e Ka’apor no Brasil.

Ele escreveu uma critica sobre as tentativas da loja “The Body Shop” de vender xampu feito com óleo de castanha do pará coletadas por Kayapó.

Terry costumava assinar emails com sua saudação brasileira favorita, “força no trabalho”. Sua vida de trabalho será para sempre lembrada na Amazônia, especialmente entre os Kayapó.

Eles emitiram uma homenagem muito sincera ao “Wakampu”, um “grande guerreiro que tanto nos ensinou… que tanto lutou pelos Kayapó…Temos a sorte de tê-lo como um grande amigo…Seu respeito e amor aos Kayapó serão sempre lembrados por todos nós…Obrigado por dividir conosco o seu livro da vida.”

Nós da Survival agradecemos os seus anos de sábios conselhos, seu humor e amizade, e por uma vida de dedicação inabalável para os povos indígenas.

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