Os primeiros Jogos Mundiais Indígenas enfrentam protestos

31 outubro 2015

Indígenas brasileiros protestaram durante os primeiros Jogos Mundiais Indígenas © Agência Brasil

Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Centenas de índios brasileiros protestaram durante os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, sediados em Tocantins.

Os manifestantes exigiram a suspensão dos planos para enfraquecer os direitos dos povos indígenas aos seus territórios, e advertiram que os planos, se implementados, seriam um desastre para tribos em todo o país.

A bancada ruralista está avançando com uma série de propostas que vão deixar as terras indígenas vulneráveis ao desenvolvimento industrial, e bloquear a demarcação de novos territórios. Os povos indígenas dependem de sua terra para sobreviver.

Uma das propostas, a PEC 215, foi aceita por uma comissão da Câmara esta semana e agora fica um passo mais próximo de ser aprovado.

Apoiadores de Survival ao redor do mundo estão pressionando o governo brasileiro para bloquear esses planos controversos.

Para o povo Guarani, estas propostas são particularmente perigosas, como quase todas as terras da tribo já têm sido roubadas para criar espaço para fazendas e plantações, deixando os Guarani em reservas superlotadas ou acampamentos na beira de estrada, onde sofrem uma das maiores taxas de suicídio do mundo.

Durante os protestos, Narube Werreria, uma mulher do povo Karajá, disse: “Enquanto estamos aqui nos Jogos, eles estão lá no Congresso conspirando para roubar nossas terras. Em breve, não haverá mais povos indígenas, floresta, nem animais.”

A Presidente Dilma Rousseff foi vaiado durante a cerimônia de abertura dos Jogos. A polêmica Ministra da Agricultura, Katia Abreu, apelidada de “rainha da motosserra”, também foi vaiado por sua oposição aos direitos territoriais dos indígenas.

Cerca de 2.000 índios de mais de 20 países estão participando dos Jogos. Entre os concorrentes tem uma mulher Sakha da Sibéria, Maori da Nova Zelândia, Kembata da Etiópia e várias tribos da América do Norte e do Sul.

Cabo de guerra foi um dos esportes do evento © Agência Brasil

Carlos Terena do Comitê Intertribal, um dos organizadores dos Jogos, disse que os Jogos visam reforçar a cultura de povos indígenas ao redor do mundo.

Para muitos participantes, os Jogos oferecem a oportunidade de mostrar seu talento no arco e flecha, cabo de guerra, lança de arremesso, canoagem, futebol indígena, luta livre e “corrida de tora”, na qual os atletas correm carregando toras de 120 quilos nas costas.

No entanto, as tribos Krahô e Apinajé do Brasil boicotaram os Jogos, dizendo: “Não podemos aceitar e participar de um evento de caráter midiático e sensacionalista que tem por finalidade usar imagem dos povos indígenas para distorcer os fatos e mentir no exterior; ocultando a verdadeira realidade e o sofrimento dos povos indígenas do Brasil.”

Outros grupos se opuseram ao enorme volume de dinheiro que está sendo gasto com o evento, mais de R$100 milhões. Antonio Apinajé disse que este dinheiro “podia estar sendo investido em saúde, na demarcação de terras, no monitoramento (dos territórios demarcados), pois tem muita terra sendo invadida.”

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