O lado sombrio do Brasil: Índio da Amazônia protesta no tour do troféu da Copa do Mundo
17 março 2014
Esta página foi criada em 2014 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Nixiwaka Yawanawá, um índio da Amazônia brasileira, cumprimentou o troféu da Copa do Mundo em sua chegada a Londres com uma camiseta dizendo ‘BRASIL: PARE DE DESTRUIR ÍNDIOS’. Usando o cocar da sua tribo, e decorações faciais, Nixiwaka chamou a atenção para os ataques do Brasil sobre os direitos da sua população indígena.
A Coca-Cola e a FIFA impediram que o Nixiwaka mostrasse a mensagem da sua camiseta quando estava ao lado do troféu.
Às vésperas da Copa do Mundo de junho de 2014, Nixiwaka e Survival International estão destacando que 500 anos após a colonização, os índios brasileiros ainda estão sendo mortos por suas terras e recursos naturais. Enquanto o Brasil está se apresentando como uma democracia multi-cultural e dizendo que está sediando uma Copa do Mundo ‘para todos’, o governo e os latifundiários estão planejando abrir territórios indígenas por enormes projetos industriais.
Uma proposta de emenda constitucional daria ao Congresso do Brasil – fortemente influenciada pela bancada ruralista anti-indígena – poder na demarcação de terras indígenas. Isso significaria mais atrasos e obstáculos para a proteção da terra ancestral dos índios.
Outro projeto de lei polêmico abriria territórios indígenas para mineração, barragens, bases militares e outros projetos industriais. Índios de todo o país estão protestando veementemente contra esses planos.
As mudanças seriam desastrosas para índios isolados que vivem na floresta amazônica do Brasil. A demarcação e proteção de suas terras é vital para a sua sobrevivência, pois não têm imunidade a doenças transmitidas por pessoas de fora e qualquer forma de contato ameaça levá-los à extinção. Muitos dos índios isolados estão enfrentando ataques brutais por madeireiros ilegais e garimpeiros que invadem seus territórios.
Nixiwaka disse: ‘Em 2014 os olhos do mundo estão no Brasil para a Copa do Mundo – uma boa oportunidade para mostrarmos à comunidade internacional a luta pela nossa terra. Precisamos do apoio de todos para salvar a nossa floresta; nós dependemos de nossa floresta para nossa sobrevivência. Espero que o governo brasileiro vai assumir a liderança com respeito aos nossos direitos às terras, e que outros seguirão o exemplo.’
Tribos brasileiras como os Guarani estão esperando a demarcação de suas terras há muitos anos. Tendo perdido a maior parte de suas terras ancestrais para fazendas de gado e plantações de cana de açúcar, eles são forçados a viver em condições perigosas e esquálidas nas beiras de estradas ou em reservas superlotadas. Eles enfrentam desnutrição, más condições sanitárias e alcoolismo, e seus líderes são freqüentemente atacados e mortos por pistoleiros dos fazendeiros.
Coca-Cola, o promotor do tour do troféu e um dos maiores patrocinadores da Copa do Mundo, foi recentemente arrastada ao conflito territorial dos Guarani, quando um relatório revelou que esta comprando açúcar da gigante alimentícia Bunge dos EUA, que por sua vez compra cana de açúcar de agricultores que estão ocupando terras dos Guarani.
Um porta-voz Guarani disse à Survival International, ‘A Coca-Cola tem de parar de comprar açúcar da Bunge. Enquanto essas empresas lucram, nós somos forçados a aguentar a fome, a miséria e os assassinatos’.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje, ‘Brasil está freqüentemente celebrado como uma história de sucesso econômico – nunca mais do que às vésperas da Copa do Mundo. Mas é justo reconhecer que o crescimento econômico está incorrendo um imenso custo humano: a morte de centenas de milhares de índios ao longo dos séculos passados, e a aniquilação de tribos inteiras. É hora de reconhecer o lado negro do Brasil.’
Notas para editores:
- Nixiwaka Yawanawá está disponível para entrevistas.
- Às vésperas da Copa do Mundo da FIFA, Survival International está destacando ‘O lado sombrio do Brasil’ e informará sobre a situação dos índios brasileiros e os ataques do governo sobre seus direitos.