Após investigação, ONG do Príncipe Harry confirma que cometeu vários abusos de direitos humanos

8 maio 2025

© SUSSEX.COM

Príncipe Harry do Reino Unido discursa em um evento do African Parks em Nova York em 2024.

Uma investigação sobre denúncias de atrocidades cometidas por guardas contratados pela organização ambientalista chamada African Parks, do Príncipe Harry do Reino Unido, reconheceu que ocorreram vários abusos de direitos humanos. Esse reconhecimento confirma as denúncias de violência feitas por indígenas do povo Baka, na República do Congo.

A investigação foi realizada pelo escritório de advocacia Omnia Strategy após denúncias da Survival International e de uma grande reportagem do jornal britânico Mail on Sunday. 

A Survival vinha pedindo que o African Parks acabasse com anos de abusos cometidos por seus guardas contra indígenas do povo Baka, cujas terras ancestrais foram transformadas no Parque Nacional Odzala-Kokoua, na República do Congo, um parque administrado pelo African Parks.

Um homem Baka disse a Ian Birrell, do Mail on Sunday: “O African Parks está nos matando lentamente. Estamos sofrendo tanto que poderíamos muito bem estar mortos”.

O príncipe Harry do Reino Unido, ex-presidente do African Parks, foi promovido à diretoria da instituição em 2023.

O African Parks se recusou a tornar público o relatório da Omnia e não permitiu que a empresa de advocacia o fizesse. A instituição apenas emitiu uma breve resposta ao relatório.

A diretora da Survival International, Caroline Pearce, disse hoje: “A investigação da Omnia confirmou que ocorreram vários abusos contra indígenas do povo Baka.

“Homens e mulheres Baka foram espancados, torturados e estuprados no Parque Nacional Odzala-Kokoua por guardas florestais gerenciados e pagos pelo African Parks. Há muitos anos a instituição sabe sobre os abusos, mas foi somente depois da denúncia da Survival ao Príncipe Harry e à imprensa internacional, que a instituição finalmente deu início a essa “investigação independente”.

“Ainda não sabemos os detalhes do que eles descobriram, porque o African Parks se recusou a permitir que as descobertas fossem divulgadas. Ela se comprometeu a produzir mais relatórios, ter mais funcionários e mais diretrizes, mas essas promessas não evitaram os abusos e violações da lei internacional de direitos humanos que ocorreram. Por uma década ou mais, o African Parks teve conhecimento dessas atrocidades. Não há motivo para acreditar que a instituição fará diferente agora."

“A raiz do problema - que a investigação não abordou - é que o African Parks continua a reproduzir um modelo racista e colonial de conservação ambiental que expulsa povos indígenas de suas terras, enquanto pessoas de fora assumem o controle sobre esses territórios. Enquanto isso continuar, os Baka continuarão a sofrer abusos e a destruição de seus meios de subsistência. Os Baka são os melhores guardiões da floresta: governos, fundações e celebridades, como o Príncipe Harry, que os apoiam, devem parar de apoiar o African Parks agora e parar de ser cúmplices desse crime.”

Baka
Povo

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