Jovem indígena baleado durante conflito no Brasil

29 outubro 2015

Um indígena Enawene Nawe foi baleado durante um conflito com fazendeiros e caminhoneiros © Fiona Watson/Survival

Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Um indígena de 19 anos foi baleado no peito sábado. Serviços de emergência o levaram para o hospital na capital do estado, onde ele está em estado crítico à espera de cirurgia.

Daliyamali é membro da tribo Enawene Nawe, que entrou em contato com a sociedade não-indígena em 1974 e conta hoje com cerca de 670 pessoas.

O tiroteio aconteceu quando um grupo de índios Enawene Nawe viajou para a cidade de Brasnorte no Mato Grosso para protestar contra um grupo de caminhoneiros e fazendeiros que haviam bloqueado a estrada de acesso a cidade para evitar a entrada dos indígenas.

Houve um confronto e uns homens começaram a atirar nos índios que responderam disparando flechas.

A estrada é utilizada para evacuar os índios em situações de emergência. Como protesto contra o fracasso das autoridades em cuidarem da estrada, os Enawene Nawe cobram há vários meses um pedágio para veículos que atravessam a ponte sobre o rio Juruena.

Em retaliação alguns caminhoneiros e fazendeiros decidiram bloquear a estrada para Brasnorte, para impedir os índios de entrar na cidade onde eles compram bens essenciais.

A quantidade de peixes está diminuindo drasticamente devido a uma serie de barragens hidrelétricas que vêm sendo construídas as margens do rio Juruena. Desde 2009 as autoridades têm tido que transportar milhares de peixes congelados para a aldeia da tribo. Os peixes são vitais para a sobrevivência dos Enawene Nawe como eles não consomem carne vermelha.

A tribo está pressionando para recuperar parte de sua terra ancestral, chamada Adowina (“Rio Preto”), que tem sido ocupada por fazendeiros há anos. Adowina é um local fundamental de pesca onde todos os anos os Enawene Nawe constroem barragens de madeira com grandes cestas para capturar peixes.

A cerimônia 'yakwa' dos Enawene Nawe corre o risco de acabar. © Fiona Watson/Survival

Os peixes são defumados e levados de volta para a aldeia onde uma cerimônia chamada “yakwa” é realizada. A comida é então trocada com o mundo espiritual em um ritual.

Em 2010 yakwa foi reconhecida pela UNESCO como patrimônio nacional do Brasil, como um dos “tesouros inestimáveis da humanidade.” No entanto, devido à falta de peixes, a cerimônia corre o risco de acabar.

Procuradores da República pediram que a FUNAI, a Fundação Nacional do Índio, acelere a demarcação da Adowina. Mas o reconhecimento dos territórios indígenas foi paralisado devido ao poderoso setor do agronegócio no Brasil e políticos que fazem campanhas para enfraquecer os direitos indígenas.

Enawenê Nawê
Povo

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