Brasil ignora prazo para salvar a tribo mais ameaçada do mundo

18 abril 2013

Os Awá têm medo de caçar na floresta porque eles temem ataques de madeireiros ilegais © Survival International

Esta página foi criada em 2013 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Um dia antes do Dia do Índio nesta sexta-feira (19), a Survival International está instando o governo brasileiro para finalmente agir para salvar da extinção os Awá, a tribo mais ameaçada do mundo.

As autoridades brasileiras ignoraram um prazo urgente dado por um juiz federal para a remoção, até o final de março, de todos os invasores da terra central dos Awá.

Os Awá enfrentam o risco extremo de extinção porque as autoridades não tomaram iniciativa para impedir que madeireiros ilegais e colonos destruam a sua floresta.

Em março de 2012 o Juiz Jirair Aram Meguerian ordenou que todos os madeireiros e colonos ilegais fossem removidos em um ano. Mas o prazo já se esgotou e nenhum invasor foi despejado.

Mais de 30% de um dos territórios dos Awá já foi desmatado. Os índios reportam que os madeireiros estão cercando as comunidades rapidamente e já marcaram árvores que devem ser cortadas a uma distância de três quilômetros de onde os indígenas vivem. Caminhões carregados de madeira deixam a área durante o dia e noite e os índios estão assustados para caçar na sua floresta.

Haikaramoka’a, um índio Awá, disse à Survival International: ‘Os madeireiros estão mexendo na mata nossa.
 Eles botaram estradas. Temos medo; podem ir atrás dos isolados.
 A gente tem medo porque os madeireiros podem matar nós, e os isolados.’

Caminhões carregados de madeira deixam a floresta dos Awá durante o dia e noite. © Survival International

Os Awá dependem da floresta para sua sobrevivência: ela fornece alimentos, abrigo e é seu lar espiritual. Hoje, cerca de 100 dos 450 Awá permanecem isolados e têm um maior risco de contaminação por doenças trazidas por forasteiros – a gripe comum pode ser fatal para eles.

Nos anos 80 a população Awá foi drasticamente reduzida pela exposição causada pela construção da Estrada de Ferro Carajás, que cortou seu território para levar minério de ferro da mina no Pará até a costa do Maranhão. O projeto Grande Carajás foi parcialmente financiado pelo Banco Mundial e pela União Europeia. O fluxo de trabalhadores levou violência e doenças à região e muitos Awá foram massacrados.

Quase 50.000 cartas já foram enviadas ao Ministro da Justiça do Brasil desde que o ator Colin Firth lançou a campanha da Survival para salvar os Awá. Mas a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) ainda espera apoio do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e do governo central para expulsar os invasores.

O Diretor da Survival International, Stephen Corry, afirmou hoje: ‘O Brasil já destruiu inúmeras tribos, seja por fracassar ao protegê-las ou por encorajar a exploração de sua terra. Ainda não é tarde demais para os Awá, mas logo será. O Ministro da Justiça é inteiramente capaz de expulsar os madeireiros, mas precisa agir hoje. Se não houver ação, no futuro próximo os Awá terão desaparecido.’

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