Dia do Índio: novas imagens exclusivas de indígenas isolados no Maranhão

18 abril 2018

Indígena Awá isolado filmado por um indígena Guajajara em um raro e inesperado encontro na Amazônia maranhense. Brasil, 2018. © Guardiões Guajajara / Survival

Esta página foi criada em 2018 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Na ocasião do Dia do Índio, 19 de abril, a Survival International está divulgando imagens inéditas e exclusivas de indígenas isolados na Amazônia maranhense.

Os indígenas Awá no novo vídeo são caçadores-coletores nômades que evitam o contato com não-índios e outros povos indígenas. Eles têm uma compreensão profunda de sua floresta e dependem dela para sobreviver. Mas correm risco de sofrerem ataques genocidas à medida que o governo não está protegendo sua terra, e madeireiros ilegais estão devastando a floresta.

Pire’i Awá mora em outra parte da floresta, numa aldeia de Awá que têm contato com os não-indígenas. Ele disse: "Nossa terra é nossa vida. Sem a floresta, não podemos sobreviver.”

Assista o vídeo aqui.

A filmagem foi feita por um Guardião Guajajara na Terra Indígena Arariboia, em um encontro raro e inesperado com os Awá enquanto ele caçava. Ele afirma que viu homens, mulheres, crianças e seis tapiris (abrigos). O vídeo mostra alguns Awá com aparência saudável andando pela floresta e gritando quando percebem a presença do Guajajara, demonstrando que não querem contato com forasteiros. Os Guardiões afirmaram que madeireiros ilegais estão operando a menos de 5km de distância dos Awá isolados.

Os indígenas Guajajara compartilham este território com os Awá isolados. Os Guardiões estão colocando suas vidas em risco para proteger a floresta e salvar os Awá isolados da extinção. Eles patrulham a floresta, identificam os madeireiros, e os expulsam. Eles decidiram divulgar o vídeo para provar a existência dos Awá isolados e mostrar a importância da proteção da terra.

Kaw Guajajara, coordenador dos Guardiões Guajajara, disse: “Esse vídeo prova que os isolados estão lá na floresta deles, e nosso trabalho é muito importante para proteger eles… Os Awá isolados não vivem sem a floresta. Enquanto nós estivermos vivos, nós estamos lutando por todos nós aqui, pelos isolados, e pela natureza.”

Foto de tapiri (abrigo) abandonado Awá. © Guardiões Guajajara / Survival

As tribos isoladas são os povos mais vulneráveis do planeta. Povos como os Awá estão sendo dizimados pela violência de estranhos, e por doenças como a gripe e o sarampo, às quais não têm resistência.

O Brasil é lar para mais povos isolados do que em qualquer outro lugar no planeta. Mas, eles estão em risco iminente de genocídio. Ataques constantes aos indígenas, tanto no campo com o aumento da violência, quanto no Congresso com o enfraquecimento da FUNAI – através da redução de seu orçamento e do fechamento de bases governamentais – e projetos de lei perigosos, ameaçam tribos em todo o país.

Em agosto de 2017, um suposto massacre de indígenas isolados por garimpeiros no Vale do Javari, na Fronteira Isolada Amazônica, expôs a vulnerabilidade que estes povos vivem sem a proteção adequada de suas terras. No Mato Grosso, os Kawahiva isolados, uma pequena tribo sobrevivente de um genocídio, vivem fugindo de invasores em uma das partes mais violentas do país. 

Os indígenas são os melhores guardiões do meio ambiente. Os Awá vivem em uma ilha verde em um mar de desflorestamento. © Survival

Desde 1969 a Survival International lidera a campanha global pelos direitos das tribos isoladas. Não iremos desistir até que todas suas terras sejam protegidas, para que elas possam viver na maneira em que escolherem.

O diretor da Survival International, Stephen Corry, disse: “Os Awá isolados no vídeo podem prosperar se sua terra for protegida. A luta incansável dos Guardiões é fundamental para garantir a sobrevivência deste povo, e convidamos todos a apoiá-los, mas também o governo tem que cumprir com seu dever constitucional de manter esta terra – e todas as terras dos indígenas isolados – livres de invasores. É uma crise humanitária urgente. Precisamos do máximo possível de pessoas para deixar claro às autoridades que o roubo das terras indígenas tem que acabar.”

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