Paraguai: Povo indígena Ayoreo apela à Comissão Interamericana para salvar sua floresta
5 outubro 2021
Esta página foi criada em 2021 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Indígenas do povo Ayoreo-Totobiegosode do Chaco paraguaio, que vivem em uma floresta com uma das maiores taxas de desmatamento do mundo, apelaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para salvá-la da destruição completa. Seus parentes isolados estão fugindo de um ponto a outro da pequena ilha de floresta remanescente, buscando refúgio das escavadeiras que estão avançando sob suas terras.
Desde 1993, quando apresentaram uma reivindicação formal para a demarcação de suas terras, os Ayoreo vêm tentando proteger sua floresta da rápida expansão da fronteira agrícola.
Em 2013, diante da total falta de vontade política do governo paraguaio em cumprir a lei e impedir a destruição de suas terras, os Ayoreo solicitaram a intervenção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Em 2016, a pedido do governo, a Comissão concordou em entrar nas negociações formais, mas apesar da realização de 42 reuniões feitas ao longo de 5 anos, a destruição da floresta continuou avançando. Fotos de satélite revelam que os Ayoreo atualmente vivem em uma ilha de floresta cercada por monoculturas e fazendas de gado que ocupam suas terras.
Agora os Ayoreo anunciaram que estão se retirando das negociações e solicitaram novamente à Comissão Interamericana que peça às autoridades paraguaias que finalmente expulsem os invasores e devolvam suas terras.
Embora a maioria dos Ayoreo-Totobiegosode tenham sido contatados à força por missionários evangélicos americanos nas décadas passadas, um número desconhecido de indígenas isolados permanece vivendo na pequena ilha de floresta que está em risco de ser completamente destruída.
No início deste ano, um grupo de indígenas isolados fez contato com alguns de seus parentes contatados para expressar seu medo com a destruição de sua terra, antes de retornar à floresta.
Porai Picanerai, líder Ayoreo-Totobiegosode, que foi contatado à força em 1986 pela Missão Novas Tribos, disse: “Meus parentes [isolados] que vivem na floresta estão sofrendo muito e estão em perigo porque eles quase não têm espaço para se mover e para viver. Há muitos invasores ocupando nossas terras e queimando a floresta para produzir carne”.
Porai completou: “Depois de ter participado da maioria das 42 reuniões, posso confirmar que o governo não cumpre a sua palavra, que mente e não quer proteger o meu povo ou devolver as terras em que sempre vivemos e cuidamos. Só conseguiremos que o governo aja recorrendo a organismos externos como a Comissão Interamericana”.
A pesquisadora da Survival, Teresa Mayo, disse hoje: “Os Ayoreo-Totobiegosode interromperam o processo de negociação porque o governo estava apenas postergando enquanto permitia que a destruição desenfreada da floresta dos Ayoreo continuasse. O Estado sabe que não precisam fazer absolutamente nada para efetivamente condenar os Ayoreo isolados à morte – e se um governo vê o extermínio de um povo como a solução para seu “problema”, então estamos falando de genocídio”.