O 1° Congresso Internacional alternativo sobre conservação ambiental irá denunciar “o maior roubo de terras da história”
15 julho 2021
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O 1° grande Congresso Internacional alternativo para descolonizar a conservação ambiental, “Nossa Terra, Nossa Natureza”, ocorrerá em 2 de setembro de 2021, imediatamente antes do Congresso Mundial de Conservação da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Ambos os eventos serão sediados em Marselha, na França.
Neste evento, palestrantes e representantes indígenas de cerca de 18 países compartilharão evidências e experiências em primeira mão de atrocidades da conservação ambiental e do roubo de terras, e apresentarão um modelo de conservação ambiental alternativo.
O congresso “Nossa Terra, Nossa Natureza” apoiado pelas organizações Minority Rights Group, Rainforest Foundation do Reino Unido, e Survival International, entre outras, destacará a oposição global às tentativas de governos, indústrias e grandes ONGs de conservação ambiental de transformar 30% do planeta em “áreas protegidas”. Também desafiará a ideia das “Soluções Baseadas na Natureza (NBS)” que colocam um valor monetário na natureza e oferecem uma falsa solução para o combate às mudanças climáticas.
O projeto de líderes mundiais e organizações de conservação ambiental de transformar 30% do planeta em “áreas protegidas” poderá representar o maior roubo de terras da história. Trezentas milhões de pessoas, muitas delas indígenas, podem ter suas terras e meios de subsistência roubados. Isso já está acontecendo com povos indígenas na África e na Ásia. A população local é expulsa com o uso da força, pela coerção ou suborno. Em muitos casos, eles são espancados, torturados e abusados por guardas florestais quando tentam caçar para alimentar suas famílias ou acessar suas terras ancestrais.
Caroline Pearce, Diretora Executiva da Survival International, disse hoje: “As narrativas das Soluções Baseadas na Natureza e do projeto dos 30% são uma grande mentira. As “áreas protegidas” não oferecem uma solução para a crise climática, perda de biodiversidade ou pandemias e já destruíram os meios de subsistência sustentáveis, as terras e as vidas de milhões de pessoas. O projeto dos 30% provavelmente prejudicará centenas de milhões de pessoas mais, incluindo povos indígenas cujas vozes estão sendo silenciadas na indústria de conservação ambiental.”
O congresso “Nossa Terra, Nossa Natureza” dará uma plataforma (pessoalmente ou online) para líderes locais, ativistas indígenas, acadêmicos e cientistas de todos os continentes. Ele desafiará o Congresso Mundial de Conservação a abandonar o projeto dos 30% e as Soluções Baseadas na Natureza em favor de abordagens que coloquem as pessoas e a justiça social no centro da preservação ambiental.
O evento será transmitido para o mundo todo e será inaugurado por Fiore Longo, coordenadora da campanha pela descolonização da conservação ambiental da Survival. Ela disse hoje: “Os melhores guardiões da natureza são os povos indígenas, cujos territórios contêm agora cerca de 80% da biodiversidade mundial. Mas eles estão sendo expulsos dessas terras por uma indústria da conservação ambiental que está cada vez mais militarizada, e que se associa a interesses corporativos que estão saqueando o planeta em busca do lucro. O projeto dos 30% representa o maior roubo de terras da história, é fundamentalmente colonial e racista e deve ser interrompido.”
NOTAS:
- “Nossa Terra, Nossa Natureza” ocorrerá nos dias 2 e 3 de setembro de 2021 em Marselha, na França. A participação virtual também é possível. Acesse esse link para se registrar;
- O evento será transmitido em três idiomas: inglês, espanhol e francês.
- O congresso será seguido por uma coletiva de imprensa em 3 de setembro de 2021, 10h00-11h00 (horário da França). Você pode se inscrever para a coletiva de imprensa aqui.
Alguns dos palestrantes confirmados são:
• Mordecai Ogada, ambientalista e autor do livro “The Big Conservation Lie” (A Grande Mentira da Conservação), que irá explicar a armadilha por trás das chamadas “unidades de conservação comunitárias”, Quênia;
• Pranab Doley e Birendra Mahato, ativistas indígenas do Parque Nacional Kaziranga na Índia e do Parque Nacional Chitwan no Nepal, que exporão as atrocidades por trás da conservação ambiental em suas terras;
• John Vidal, ex-editor de meio ambiente do jornal britânico The Guardian, Reino Unido;
• Lottie Cunningham Wren, advogada e ativista indígena dos direitos humanos e vencedora do prêmio Right Livelihood (o “Nobel Alternativo”) de 2020, Nicarágua;
• Victoria Tauli Corpuz, da organização indígena Tebtebba e ex-Relatora Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Filipinas;
• Blaise Mudodosi Muhigwa, advogado e jurista ambiental, Congo;
• Dina Gilio-Whitaker, Professora do programa de Estudos sobre Indígenas Americanos da Universidade Estadual San Marcos da Califórnia e educadora independente em política ambiental de indígenas americanos, Estados Unidos;
• Archana Soreng, do Grupo de Aconselhamento Juvenil do Secretário-Geral da ONU sobre Mudanças Climáticas, Índia.