Soldados espancam indígena até a morte por coletar caracóis em parque nacional
6 agosto 2020
Esta página foi criada em 2020 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Um indígena do povo Chepang, no Nepal, foi supostamente assassinado por soldados após ser detido por estar coletando caracóis no Parque Nacional de Chitwan.
Funcionários e soldados do parque também queimaram e destruíram casas dos Chepang, deixando dez famílias desabrigadas no período das chuvas de monções.
Raj Kumar Chepang, de 24 anos, morreu em 22 de julho por ferimentos que teriam sido causados por soldados que o espancaram e torturaram. Além dele, quatro amigos dele também foram espancados por entrarem sem permissão no parque.
A mãe de Raj Kumar, Aaitimaya Chepang, declarou: “Meu filho foi espancado até a morte. Preciso de justiça por este ato desumano.” E complementou: “O maior crime de Raj Kumar foi não poder ver sua família passando fome e ter ido em busca de comida na floresta.”
As famílias cujas casas foram queimadas disseram que sequer tiveram a chance de pegar comida, dinheiro e documentos vitais antes de suas casas serem incendiadas.
Esse despejo brutal, que deixou dez famílias desabrigadas durante o período das monções e da pandemia global, gerou críticas em todo o mundo.
Birendra Mahato, um ativista local da etnia Tharu, condenou o assassinato e a destruição das casas dos Chepang e questionou por que nenhuma das ONGs que atuam na área, como o WWF e o ZSL, se manifestaram contra essa atrocidade. Ele disse: “Eles afirmam que ajudam as comunidades, mas só levam a sério os animais selvagens, não se preocupam com os direitos humanos do povo.”
Fazer vista grossa a violações de direitos humanos não é novidade para organizações de conservação ambiental no Nepal e em outros lugares. Em 2006, quando Shickaram Chaudhrai, da etnia Tharu, foi espancado e morto pelo guarda florestal no Parque Nacional de Chitwan, o WWF, em vez de se manifestar contra a agressão, exigiu que as acusações contra os guardas fossem retiradas.
A pesquisadora da Survival, Sophie Grig, declarou: “São atos terríveis que deveriam ser amplamente condenados e rapidamente punidos. Infelizmente, nada disso chega a surpreender quem acompanha as práticas colonialistas da conservação ambiental ao redor do mundo. Essas atrocidades, que grandes organizações de conservação ambiental, como o WCS e o WWF, jamais denunciam, são muito comuns e precisam ser impedidas.”