Índia: tribo florestal "vai morrer" se despejada de terra ancestral
1 junho 2016
Esta página foi criada em 2016 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Várias comunidades do povo Baiga na região central da Índia enfrentam aniquilação, à medida que indígenas estão sendo forçados a deixar suas terras ancestrais na reserva de tigres Achanakmar, perto da área que inspirou o ‘Livro da Selva’ de Rudyard Kipling.
Os indígenas Baiga têm sido continuadamente perseguidos e ameaçados com o deslocamento forçado de suas aldeias para uma clareira lamacenta fora da reserva, apesar de não haver nenhuma evidência de que sua presença na reserva esteja prejudicando tigres. Tal evidência é necessária para que o despejo da tribo seja lícito, mas, na verdade, estima-se que o número de tigres na reserva tenha aumentado de 12 para 28 entre 2011 e 2015.
Um Baiga da aldeia Rajak disse: “Nós não queremos ir, nós não podemos ir. O que devemos fazer?”
Uma testemunha local disse à Survival: “Não há nada ao redor do novo local para eles, nada vai crescer na terra, não há água e eles não poderão colher nada da floresta. É por isso que eles são tão insistentes em não sair, porque se eles forem, eles simplesmente morrerão.”
Alguns foram avisados de que se não deixarem sua terra ancestral, guardas soltarão ursos e cobras em suas aldeias. Outros foram presos e perseguidos – em 2009, um homem foi preso por três meses por comer um esquilo que havia encontrado morto na floresta.
Aqueles que foram expulsos de Achanakmar vivem agora em campos governamentais inadequados e vivem miseravelmente à margem da sociedade indiana em geral.
Um Baiga da aldeia Chirahatta, que está enfrentando despejo, disse: “Eles colocam restrições a nós há dois ou três anos. Não nos deixam viver. Nos levam para a cadeia e nos ameaçam. Eles são duros e rigorosos. Nos colocam na prisão por nada. Se falarmos qualquer coisa, eles ameaçam nos colocar na cadeia. Estão tornando muito difícil para nós viver.”
Em outros lugares, indígenas Baiga fazem trabalho manual exaustivo em minas de bauxita em terríveis condições de trabalho.
Por toda a Índia, povos indígenas estão sendo expulsos ilegalmente de reservas de tigres, apesar de não haver evidências de que sua presença prejudica tigres. Eles enfrentam prisão e, em alguns lugares, espancamentos, tortura e até mesmo execução sumária por tentarem entrar novamente em sua terra ancestral, enquanto o turismo em larga escala para a observação de tigres é incentivado.
No ano passado, a Survival descobriu que o número de tigres aumentou bem acima da média nacional indiana em BRT, a única reserva na Índia onde as tribos foram formalmente autorizadas a permanecer em suas terras, o que demonstra que as aldeias indígenas dentro de reservas de vida silvestre não representam uma ameaça substancial para tigres ou para seu habitat.
A Survival escreveu ao WWF, a maior organização de conservação do mundo, que equipa e treina os guardas florestais na região.
Existem provas de que os povos indígenas são os melhores em cuidar de seu meio ambiente. Apesar disso, eles estão sendo despejados ilegalmente de suas terras ancestrais em nome da conservação. As grandes organizações de conservação são culpadas por apoiarem isso. Elas nunca se pronunciam contra os despejos.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: “É ilegal e imoral perseguir tribos que têm coexistido com tigres há séculos, quando a industrialização e a caça colonial em grande escala são as verdadeiras razões pelas quais os tigres se tornaram ameaçados. Também é ineficaz, porque a perseguição dos povos indígenas impede que se aja contra os verdadeiros caçadores furtivos – grupos criminosos. As grandes organizações de conservação deveriam fazer parcerias com os povos indígenas, e não apoiar o Departamento das Florestas que é culpado de maltrata-los. Perseguir povos indígenas prejudica a conservação.”