Indígenas ilegalmente expulsos de reserva de tigres do “Livro da Selva”
16 janeiro 2015
Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Indígenas foram expulsos ilegalmente e a força da reserva de tigres Kanha na Índia – lar do Livro da Selva de Rudyard Kipling – em nome da conservação de tigres. Em diversas partes da Índia, muitas outras tribos enfrentam uma ameaça similar.
Indígenas expulsos de suas terras relatam que o Departamento Florestal ameaçou liberar elefantes para atropelar as suas casas e colheitas se eles não saíssem imediatamente.
A área é o lar ancestral das tribos Baiga e Gond, que enfrentam um futuro desesperador sem suas florestas.
As famílias foram assediadas durante anos para saírem da reserva. Quando foram finalmente expulsas, elas não receberam terra ou ajuda na criação de suas vidas novas. Meses depois de sua expulsão, famílias relatam terem recebido apenas uma fração da recompensa que elas estavam esperando – outras não receberam nada.
Um indígena expulso da aldeia Jholar em Kanha falou, “Temos algum dinheiro, mas nós estamos perdidos – vagando em busca de terra. Aqui temos apenas tristeza. Nós precisamos da selva.”
As comunidades já foram espalhadas entre as aldeias vizinhas. Seus direitos para ficar em, viver de e proteger suas florestas estão consagrados na lei indiana.
Antes da expulsão, um homem Baiga disse à Survival, o movimento global pelos direitos dos povos indígenas, “Eles querem nos dar dinheiro. Nós não queremos dinheiro. Queremos terra. O dinheiro não significa nada para nós. Ele vem e vai.”
Survival tem escrito ao Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que tem providenciado apoio de infra-estrutura, treinamento e equipamentos para funcionários do Departamento Florestal.
Os povos indígenas são os melhores conservacionistas. A campanha “Parques Precisam de Povos” da Survival desafia o modelo atual de conservação. Organizações de conservação devem respeitar o direito internacional, proteger os direitos de povos indígenas às suas terras, perguntar-lhes que ajuda eles precisam na proteção de suas terras, ouvi-los e, em seguida, estarem preparadas para apoiá-los tanto quanto puderem.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje: “O que está acontecendo em Kanha simboliza o lado feio da indústria de conservação – milhares de turistas correm pelo parque em jipes barulhentos, tentando tirar fotos dos tigres sitiados. Enquanto isso, as comunidades Baiga que têm cuidadosamente gerenciado o habitat dos tigres ao longo de gerações são aniquiladas pelas expulsões forçadas. A ironia parece estar perdida nos conservacionistas. Se a Índia não permite que os Baiga e Gond voltem, e não impede que novos moradores sejam expulsos, essas comunidades serão completamente destruídas. Despejar as tribos não salvará os tigres.”
Notas para editores:
- Em uma expulsão semelhante em dezembro de 2013, 32 famílias Khadia foram removidas da reserva de tigres Similipal no estado de Odisha e estavam vivendo em condições terríveis sob folhas de plástico. Eles não receberam a recompensa que lhes foi prometido.
- Leia a carta da Survival à WWF (pdf, 454 KB)
- A lei indiana e a lei internacional exigem que as autoridades devam provar às comunidades que a sua co-existência com a vida selvagem é impossível; que os direitos florestais das comunidades sejam processados; e que eles tenham dado o seu consentimento livre, prévio e informado sobre a mudança. Nenhuma dessas condições foram cumpridas em Kanha.