Progresso pode matar: crianças 'Pigmeu' pagas com álcool e cola
21 janeiro 2016
Esta página foi criada em 2016 e talvez contenha linguagem obsoleta.
Crianças indígenas nas florestas tropicais africanas foram pagas em álcool e cola para cheirar, em troca de trabalho servil, um novo relatório da Survival International revelou.
O relatório constatou casos de comerciantes de mercados na República do Congo oferecendo cola para crianças da tribo Bayaka em troca da limpeza de latrinas em 2013.
Em Camarões, indígenas Baka que foram ilegalmente despejados de sua floresta, muitas vezes são pagos com cinco copos de bebida alcoólica em troca de meio dia de trabalho manual. Uma combinação de pobreza e depressão causada pelo roubo de suas terras leva muitos ao alcoolismo para escapar de seus problemas.
Em grande parte da África Central, caçadores-coletores desalojados são frequentemente pagos em substâncias que causam dependência, mais comumente álcool caseiro.
Atono, um homem Baka expulso à força de sua terra disse: “Agora estamos adoecendo por causa de mudanças em nossa dieta. Nossa pele não gosta do sol e da vida na aldeia. Na floresta somos saudáveis e ganhamos peso. Agora ninguém tem músculos, todos parecem doentes. Somos obrigados a beber para esquecer dos nossos problemas.”
Problemas de vício e abuso de substâncias químicas são comuns entre tribos que tiveram suas terras roubadas. No Canadá, crianças Innu alienadas, cujas famílias foram forçadas a abandonar a vida nômade, cheiram gás de sacolas plásticas para lidar com sua situação. Da mesma forma na Austrália, taxas de alcoolismo entre Aborígenes são mais altas do que da população em geral.
Boniface Alimankinni, um aborígene das Ilhas de Tiwi disse: “Nós não tínhamos dignidade e nada para dar aos nossos filhos exceto violência e alcoolismo. Nossas crianças estão presas entre um passado que elas não entendem e um futuro que não lhes oferece nada.”
Dependência de drogas e alcoolismo não são inevitáveis para povos indígenas. São na verdade resultado de uma política fracassada que impõe “progresso” e “desenvolvimento” em povos que são em grande parte auto-suficientes. Sociedades industrializadas submetem eles a violência genocida, escravidão e racismo para que possam roubar suas terras, recursos e mão de obra em nome de “progresso”.
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: "’Progresso pode matar’, o relatório da Survival, mostra que impor “desenvolvimento” em povos indígenas não funciona. Forçar “desenvolvimento” em povos indígenas nunca resulta em vidas mais longas e felizes, mas em vidas mais curtas, tristes, existências escapadas somente por morte. “Progresso” destruiu muitas tribos e ameaça muitas outras, então estamos exigindo que as Nações Unidas se manifestem contra desenvolvimento forçado em terras indígenas."