Desastre sanitário atinge índios recém-contatados no Brasil

20 abril 2015

A saúde de Jakarewyj se deteriorou rapidamente desde que o seu grupo foi contatado Dezembro passado. © Madalena Borges/CIMI-MA/Survival

Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Um dos três índios Awá recém-contatados – a tribo mais ameaçada do mundo – encontra-se prostrada por causa de uma doença grave que se seguiu ao primeiro contato no nordeste da floresta amazônica.

Jakarewyj, uma mulher Awá, contraiu gripe severa e doença pulmonar após o seu grupo ter sido “cercado por madeireiros” e contatado em dezembro 2014 por uma comunidade Awá assentada. Desde então, a saúde dessa mulher se deteriorou rapidamente e ela está confusa e com uma aparência emaciada.

De acordo com outros Awá assentados na aldeia onde Jakarewyj e Amakaria – a líder do grupo – estão residindo, o marido de Jakarewyj e outros parentes haviam morrido na floresta por causa de gripe.

“Estavam cercados por madeireiros. Lá perto deles, ouvimos som tocando, muito barulho de motosserra, trator abrindo trilhas para  puxar madeira e muitas árvores marcadas para ainda serem derrubadas,” disse um Awá assentado para a ONG brasileira CIMI.

A floresta dos Awá foi violentamente invadida por madeireiros, fazendeiros e colonos desde que o Banco Mundial e a UE financiaram o Projeto Grande Carajás nos anos 80.

Após uma campanha de dois anos da Survival International, o movimento global pelo direito dos povos indígenas, autoridades brasileiras removeram invasores ilegais de um dos territórios dos Awá em Janeiro de 2014. Segundo no mídia, 173 serrarias perto ou dentro do território Awá foram fechados recentemente.

No início desta semana, a gigante da mineração, Vale, deu início aos trabalhos de expansão da sua linha ferroviária que atravessa a floresta dos Awá. Eles são contra a expansão, que, segundo o que dizem, vai afugentar os animais de caça, criar mais barulho e provocar novas invasões de suas terras.

Após campanha da Survival, uma operação do governo retirou a maior parte dos madeireiros e colonos do território chave dos Awá, mas o corte de árvore continua em outros territórios onde eles vivem. © Sarah Shenker/Survival

Mas as autoridades ainda precisam estabelecer um plano de proteção de longo prazo para impedir que os madeireiros voltem – e que outros territórios continuem a ser invadidos.

Carlos Travassos, coordenador geral de índios isolados da FUNAI (departamento de assuntos indígenas do governo brasileiro) destacou na TV Globo: “…o povo Awá-Guajá estaria no grau de alta vulnerabilidade, ou seja, ameaçado realmente de um crime de genocídio, que está sendo perpetrado por essas atividades ilícitas, de exploração de madeira”.

Os Awá e a Survival International apelaram para que as autoridades brasileiras enviassem um time de especialistas na área de saúde para tratar a doença de Jakarewyj como questão de urgência.

Povos indígenas não contatados são as sociedades mais vulneráveis do planeta. O primeiro contato frequentemente resulta em surtos devastadores de epidemias, o que podem levar à dizimação de tribos inteiras.

O director da Survival, Stephen Corry disse hoje, “Esta situação horrível mostra que é vital que o governo coloque um plano de saúde adequado para índios não-contatados. É claro que estas tragédias nunca aconteceriam se a lei fosse respeitada e a terra de índios não-contatados fosse protegida. O Brasil precisa agir rapidamente para parar as mortes de ainda mais Awá inocentes”.

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