Pistoleiros brasileiros ameaçam com lista de alvos indígenas após o assassinato de um cacique

1 dezembro 2011

Líder Guarani, Nísio Gomes, assassinado por pistoleiros. © Survival International

Esta página foi criada em 2012 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Pistoleiros brasileiros estão intimidando destemidamente comunidades indígenas com uma lista de alvos com nomes de líderes importantes, após o assassinato de Nísio Gomes no mês passado.

Relata-se que os pistoleiros são empregados por fazendeiros poderosos no estado de Mato Grosso do Sul. Estão criando um clima de medo na tentativa de barrar os indígenas Guarani de retornarem à sua terra ancestral.

As táticas usadas nos incidentes recentes têm sido quase sempre idênticas. Homens armados rodeiam e impedem a passagem dos veículos que estão transportando os Guarani, os quais são agredidos verbalmente e interrogados sobre os nomes da lista de alvos.

Um líder Guarani declarou à Survival International: ‘Eles nos têm localizados e estão preparados para nos matar. Estamos passando risco. Aqui no Brasil não tem justiça. Não tem mais para onde correr.’

No domingo, em torno de 100 Guarani foram abordados ao retornar de uma reunião no município de Iguatemi. Testemunhas Guarani informaram à Survival de que um dos quatro homens envolvidos era um prefeito local.

Os Guarani declararam que os homens gritaram insultos tais como: ‘Vamos queimar esses ônibus com índios!’ Membros de uma delegação do governo também estavam presentes.

As ameaças contínuas também forçaram o filho de um líder assassinado a abandonar sua comunidade. Fazendeiros mataram Marcos Veron em 2003 depois de inúmeras tentativas dele para recuperar uma pequena parte de sua terra ancestral. Agora seu filho Ládio é um dos alvos ameaçados.

O diretor da Survival, Stephen Corry, declarou hoje: ‘Essa é mais uma tragédia na determinada campanha de extermínio de qualquer oposição ao roubo da terra dos Guarani. Os fazendeiros não pararão por nada para proteger os seus próprios interesses, e é extremamente vergonhoso que o governo brasileiro não possa parar esses pistoleiros que estão atuando fora da lei’

Na semana passada, o Ministério Público Federal declarou que seis homens foram denunciados pelo assassinato, em 2009, de dois professores Guarani.

Os denunciados incluem políticos locais e um notório fazendeiro brasileiro, que manteve a comunidade dos professores como refém.

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