Organização indígena critica o governo brasileiro e missionários evangélicos
4 outubro 2019
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A UNIVAJA – União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – publicou uma nota criticando as políticas indígenas do atual governo.
Eles denunciam o presidente Bolsonaro e seu “governo de extrema direita [que] avança na consolidação de uma agenda anti indígena em articulação com as grandes corporações transnacionais que pretendem explorar comercialmente as populações vulneráveis e as terras indígenas”.
A UNIVAJA diz que essa perigosa agenda inclui restabelecer a notória política da ditadura militar quando os povos indígenas eram tratados como menores sob a tutela do estado, que negava aos indígenas o direito ao consentimento livre, prévio e informado sobre os empreendimentos que afetavam a eles e a suas terras, e que não realizava a demarcação de territórios indígenas.
Essas medidas causarão “prejuízos irreparáveis aos povos indígenas brasileiros”.
O Vale do Javari é o segundo maior território indígena do Brasil. Localizado na fronteira com o Peru, esse território é coberto por uma densa área da floresta amazônica que abriga mais de 5 mil indígenas e possui a maior concentração de povos isolados do mundo.
A UNIVAJA afirma que o enfraquecimento dos órgãos federais encarregados de proteger as terras indígenas está causando um impacto drástico. A organização também acusa o governo de abandonar os povos indígenas e de colocar suas vidas em risco.
Madeireiros, garimpeiros, fazendeiros e caçadores frequentemente invadem o território Javari, espalhando doenças letais e ameaçando as comunidades. No mês passado, um colaborador da FUNAI, que inclusive trabalhava em um posto de proteção no Vale do Javari, foi assassinado. O mesmo posto de proteção foi atacado por invasores armados pelo menos seis vezes nos últimos 11 meses.
Segundo a UNIVAJA, os povos indígenas isolados são os que mais correm risco, devido à vulnerabilidade às doenças transmitidas pelos invasores e pela violência que geram. Nos últimos anos, indígenas isolados foram atacados e, possivelmente, assassinados por garimpeiros ilegais.
Três missionários evangélicos foram vistos dentro do território em setembro, em uma região habitada por um povo isolado. Teme-se que os missionários possam tentar forçar contato com esse grupo. O contato forçado é uma prática ilegal e altamente perigosa devido à alta probabilidade de transmissão de doenças às quais os indígenas isolados não têm imunidade.
A UNIVAJA afirma que os povos indígenas do Vale do Javari querem uma “relação de harmonia com a sociedade do entorno”, mas alerta que haverá confronto e morte, a menos que o governo aja com rapidez para garantir a proteção do território e uma “vida digna aos povos indígenas do Vale do Javari”.