Survival International anuncia os candidatos ao prêmio "Racista do Ano"
20 setembro 2016
Esta página foi criada em 2016 e talvez contenha linguagem obsoleta.
A Survival International anunciou os quatro nomeados para o famoso prêmio “Racista do Ano,” oferecido anualmente à pessoa exibindo o maior grau de preconceito contra os povos indígenas.
Os candidatos desse ano são:
- O cartunista australiano, que foi amplamente criticado por uma charge que retrata um homem Aborígene como um pai alcoólatra e irresponsável.
O Ministro para Assuntos Indígenas da Austrália, Nigel Scullion, disse: “Peço que o The Australian [jornal] esteja mais ciente sobre o impacto que tais charges, como a publicada hoje, podem ter em comunidades indígenas… Não existe espaço para esteriótipos racistas.”
O Sr. Leak se recusou a se desculpar pela charge.
- Os organizadores dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 por acusarem os indígenas brasileiros de infanticídio, abuso sexual, estupro, escravidão e tortura, e as descrevendo como “práticas tradicionais.”
Os organizadores também apoiaram a “Lei Muwaji,” um projeto de lei que está sendo promovido por missionários evangélicos como forma de separar famílias indígenas.
Em uma consulta sobre o projeto de lei organizada pela UNICEF, um indígena brasileiro disse: “Os brancos nos matam e não são presos. Estamos frente a uma lei racista: nossos assassinos não são incriminados por uma lei específica, e nós, sim.”
- O Presidente de Botsuana, General Ian Khama, que disse que os Bosquímanos da Reserva do Kalahari Central vivem vidas “atrasadas,” “uma vida primitiva de privação” e uma “vida primitiva de uma era passada.”
O governo do General Khama nega continuadamente aos Bosquímanos o acesso a sua terra ancestral, após seu despejo forçado em 2002. A maioria deles ainda vive na pobreza em acampamentos governamentais, apesar de uma decisão judicial do Supremo Tribunal em 2006 ter afirmado que eles têm o direito a sua terra. Eles são acusados de “caça furtiva” quando caçam para alimentar suas famílias, e são baleados “à primeira vista” por caçarem antílopes para se alimentarem.
- Gurmeet Ram Rahim Singh, um cineasta indiano, criador de “MSG-2 the Messenger,” um filme que apresenta os indígenas da Índia (conhecidos como “Adivasis”) como “malígnos” e propõe sua integração forçada com a sociedade nacional indiana.
O ativista de direitos indígenas Gladson Dungdung disse: “Eu condeno fortemente o filme e peço que ele seja banido. O filme retrata os Adivasis como demônios. Isso também claramente expõe a mentalidade de não-indígenas que têm uma perspectiva racista contra os Adivasis. Temos que parar com essa humilhação e degradação.”
Os povos indígenas são retratados como atrasados e primitivos simplesmente porque suas vidas comunais são diferentes. Sociedades industrializadas submetem eles a violência genocida, escravidão e racismo para que possam roubar suas terras, recursos e mão de obra em nome de “progresso” e “civilização.”
O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: "Esses tipos de visões entre os nomeados desse ano não estariam deslocados na época colonial. A ideia de que povos inteiros são “atrasados,” “miseráveis” ou “moralmente degenerados” sempre foi usada como uma desculpa para roubar suas terras e forçá-los a integrar-se à sociedade nacional contra suas vontades."