Comunidade Guarani é despejada à força, e suas casas são destruídas

8 julho 2016

Líder Guarani Damiana Cavanha após o despejo de sua comunidade Apy Ka’y © Aty Guasu

Esta página foi criada em 2016 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Um vídeo mostrando as casas de uma comunidade indígena sendo destruídas por um trator carregador, forçando famílias a viverem à beira de uma rodovia no Mato Grosso do Sul, está causando revolta no país.

Quase 100 policiais fortemente armados despejaram a comunidade Guarani Apy Ka’y, próxima a Dourados (MS), cujas terras ancestrais foram destruídas pela agricultura em escala industrial.

Assista: Despejo brutal da comunidade Apy Ka’y (divulgado pelo Conselho Aty Guasu)

A comunidade indígena foi forçada a viver à beira de uma rodovia por dez anos, durante os quais oito pessoas morreram atropeladas, e um por envenenamento por agrotóxicos.

Em 2013 a comunidade reocupou uma pequena porção de sua terra ancestral. Agora eles foram despejados mais uma vez, após decisão do juiz substituto Fábio Kaiut Nunes de Dourados em favor do proprietário da fazenda para a reintegração de posse, apesar de ter recebido diversos apelos dos Guarani, seus aliados no país, e milhares de apoiadores da Survival ao redor do mundo.

Agora, os Guarani de Apy Ka’y estão de volta à beira da rodovia.

Outro vídeo mostra a polícia fiscalizando o despejo das nove famílias Guarani Kaiowá. A líder indígena Damiana Cavanha aparece denunciando o despejo, insistindo no direito de seu povo em defender suas vidas, proteger suas terras e determinar seus próprios futuros.

Assista: Damiana denuncia o despejo (divulgado pelo Conselho Aty Guasu)

Cerca de 100 policiais militares e federais despejaram a comunidade Guarani Apy Ka'y, cujas terras ancestrais foram destruídas por agricultura em larga escala © Aty Guasu

Ela diz: “Ninguém aceita isso. Eu vou ficar aqui, é meu direito. Nós também temos direitos. Não é só branco que tem direito, os índios Guarani Kaiowá também têm direitos… Quantas pessoas já morreram, quantas que a usina [de São Fernando] e os pistoleiros mataram… Deixe-nos ficar aqui, nós temos nossa tekoha [terra ancestral] e eu vou voltar ao meu tekoha.”

Em junho de 2016, pistoleiros de fazendeiros atacaram outra comunidade Guarani, Tey’i Jusu, em Caarapó (MS). Um homem foi morto e outros, incluindo um menino de doze anos, foram gravemente feridos.

A maior parte da terra dos Guarani foi usurpada. O agronegócio brasileiro tenta, há décadas, manter os indígenas fora de seus territórios. Aqui e ao redor do país, fazendeiros os submetem a violência genocida e racismo para que possam roubar suas terras, recursos e mão-de-obra em nome do “progresso” e civilização.”

A situação enfrentada pelos Guarani é uma das crises humanitárias mais urgentes e terríveis do nosso tempo. Em abril de 2016, a Survival International lançou sua campanha “Pare o genocídio no Brasil” para chamar atenção global a essa crise às vésperas das Olimpíadas no país.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse: “Essa noticia é terrível e é, tragicamente, algo muito comum devido à situação horrenda enfrentada pelos Guarani no Brasil. Não podemos ficar sentados assistindo à destruição de um povo inteiro. Se o direito constitucional dos Guarani de viver em suas terras não for respeitado e implementado, eles serão destruídos.”

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