COP 21: Povos indígenas na linha de frente na batalha contra mudanças climáticas
26 novembro 2015
Esta página foi criada em 2015 e talvez contenha linguagem obsoleta.
A conferência COP 21, que será realizada em Paris a partir do final do mês, até agora se recusou a dar voz aos povos indígenas mais diretamente ameaçados por catástrofes ecológicas. Essa omissão ocorre apesar da clara evidência de que povos indígenas são os melhores guardiões do meio ambiente em que vivem.
A conferência global de meio ambiente irá focar em políticas energéticas de países industrializados, em vez da destruição de ambientes naturais como a Amazônia. Apesar dos grandes esforços dos povos indígenas no Brasil e em outras partes da América do Sul a fim de resistir ao desmatamento ilegal, mineração e pecuária que continuam a destruir vastas áreas de floresta tropical, parece haver pouco impulso para lhes oferecer apoio na COP 21.
Um relatório recente da Rights and Resources Initiative (RRI) constatou que pouquíssimos dos governos que participarão da conferência de Paris mencionaram povos indígenas em suas propostas de conservação ou políticas climáticas. Vinte e seis dos quarenta e sete países analisados não fizeram nenhuma referência à gestão de território tribal em suas propostas.
Apesar de sua exclusão das principais plataformas, centenas de líderes indígenas da América do Sul e outros lugares do mundo estarão presentes, a fim de ter suas vozes ouvidas. Entre eles, célebres ativistas indígenas Raoni Kayapó e Mauricio Yekuana.
Sobre a proteção da Amazônia, xamã e porta-voz Yanomami Davi Kopenawa disse: “O clima está mudando. O aquecimento global, como vocês o chamam. Nos o chamamos de Motokari. Está trazendo doenças aos pulmões da Terra. Então precisamos respeitar este mundo, é preciso colocar o pé no freio, não podemos continuar destruindo a natureza, a terra, os rios. Vocês não podem continuar a matar-nos, os índios na floresta. Nós índios sabemos cuidar da nossa floresta.”
Algumas das tribos que lutam ativamente para salvar o ecossistema são:
Os Guajajara: Um grupo conhecido como os Guardiões Guajajara tem chamado atenção por seus esforços corajosos para resistir ao desmatamento. Eles estão envolvidos em confrontos com gangues madeireiras armadas, e até mesmo organizaram esforços para extinguir um enorme incêndio no território indígena Araribóia ao longo dos últimos dois meses.
Os Ka’apor: Os Ka’apor reagiram à extração ilegal de madeira em seu território, formando um “exército” indígena para resistir. Desde então eles têm sofrido violência.
Os Guarani: Os povos indígenas do sudoeste do Brasil e do Paraguai continuam a sofrer violência por suas tentativas de manter sua terra livre de produtores de cana de açúcar e soja e criação de gado. Em outubro, dois adolescentes Guarani foram baleados por fazendeiros e a tribo tem nos últimos anos tentado organizar boicotes da carne e soja produzidas em suas terras sem o seu consentimento, e exportadas internacionalmente .
Os povos indígenas são os melhores guardiões do mundo natural. Eles também são os povos mais afetados pela destruição do ambiente natural em que vivem. Sem o apoio da comunidade internacional, no entanto, os povos indígenas e suas terras podem ser destruídas para sempre.
Stephen Corry, diretor da Survival International disse: "Nossa sociedade industrializada é responsável pela destruição do mundo natural e a poluição da atmosfera. Povos indígenas, por outro lado, mostram-se muito melhores cuidadores do meio ambiente. Assim, a arrogância de pensar que “nós” temos todas as respostas, deixando de lado os povos indígenas, é vergonhosa. É hora de começar a ouvir a voz tribal e reconhecer que somos parceiros juniores na luta para salvar o meio ambiente."