Atualmente, cerca de dois milhões de crianças indígenas do mundo todo frequentam escolas-fábrica – que têm objetivos semelhantes: apagar os modos de vida indígenas e permitir a apropriação de suas terras e recursos, com um custo terrível para crianças, famílias e povos indígenas.
A educação de povos indígenas deve estar sob o controle deles mesmos; ela deve ter raízes em sua própria terra, língua e cultura, reforçando o orgulho de ser quem são e de seus povos. Mas poucos podem escolher essa educação para seus filhos. É hora de mudar isso.
Ajude-nos a devolver a educação dos povos indígenas ao controle deles próprios.
Escolas-fábrica consideram “errado” ser indígena
A “educação” que elas promovem tem como objetivo “corrigir” isso. Escolas-fábrica alegam dar às crianças indígenas os meios necessários para que elas tenham “sucesso” na sociedade dominante, mas a história mostra que essas escolas-fábrica destroem vidas, traumatizando crianças, suas famílias e suas comunidades por gerações.
A história das escolas-fábrica
Essa escolarização deixou um legado extremamente doloroso em muitas comunidades, com altos índices de depressão, suicídio e abuso de substâncias, e contribuiu para os índices desproporcionalmente altos de assassinatos e encarceramento de mulheres e homens indígenas.
A Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá concluiu que: “O governo canadense seguiu esta política de genocídio cultural porque desejava … obter controle sobre as terras e recursos [indígenas].”
A Coalizão Nacional de Nativos Americanos pela Cura da Experiência dos Internatos está pedindo investigações completas sobre as 367 escolas que visavam integrar à força as crianças indígenas à sociedade estadunidense e sobre as mortes ainda não documentadas que ocorreram nesses locais.
As escolas-fábrica hoje
p. Nessas escolas, crianças têm laços cortados com seus lares, famílias, línguas e culturas, e muitas vezes são sujeitas a abuso emocional, físico e sexual. Somente no estado indiano de Maharashtra, por exemplo, quase 1.500 crianças indígenas morreram em escolas-residência entre 2001 e 2016, incluindo mais de 30 casos de suicídio.
Como nos Estados Unidos e Canadá, um dos principais objetivos desse tipo de escolarização é romper a conexão das crianças indígenas com seu território, para tornar mais fácil para governos e corporações tomarem suas terras e recursos.
Transformando “passivos” em “ativos”
Grandes corporações e indústrias extrativistas muitas vezes patrocinam as escolas-fábrica. Essas companhias pretendem lucrar a partir da exploração de terras, da mão-de-obra e dos recursos das comunidades indígenas; as escolas-fábrica são uma forma barata para assegurar esse objetivo em longo prazo.
A destruição de comunidades e línguas
Escolas-fábrica ensinam as crianças que as crenças e o conhecimento de seus povos são “ultrapassados”, inferiores, ou errados.Milhões de crianças de comunidades indígenas são proibidas ou desencorajadas a usar a sua língua-mãe na escola. Isso ameaça a sobrevivência das línguas indígenas. A principal causa da extinção de idiomas é quando as crianças param de falar a língua de seus pais. É um desastre, já que as línguas indígenas são fundamentais para entender o mundo em que vivemos, quem nós realmente somos e o que os seres humanos são capazes de fazer.
Governos usam a educação como uma ferramenta para estimular patriotismo e suprimir movimentos de independência. É o caso de Papua Ocidental, onde o governo da Indonésia está tentando transformar os indígenas em indonésios, reprimindo dissidentes com violência.
A conversão religiosa é outro fator, incluindo escolas missionárias islâmicas em Bangladesh e Indonésia, escolas missionárias residenciais cristãs na América do Sul e Fundamentalistas Hindus na Índia, que visam converter crianças de comunidades indígenas a partir da escolarização. Em todos esses exemplos, o objetivo não é apenas mudar as crenças da criança, mas também impor uma mudança cultural profunda à comunidade na qual ela está inserida.
Uma perda para toda a humanidade
Em casa, crianças de comunidades indígenas recebem conhecimento e desenvolvem habilidades complexas e sofisticadas que as permitem viver em suas terras e a cuidar delas para o futuro. Os povos indígenas são os melhores guardiões da natureza. Milhares de anos de sabedoria, compreensão e percepção coletiva podem ser perdidos em apenas uma geração quando as crianças são obrigadas a frequentar escolas-fábrica, separadas de suas terras, línguas e modos de vida.
Qual é a solução?
As comunidades indígenas que têm controle sobre seus próprios sistemas de escolarização – dentro suas terras e sob seus termos – as crianças e famílias estão prosperando, e as línguas e culturas indígenas estão sendo revitalizadas.A resposta é simples: a educação indígena deve estar sob controle indígena.
O que a Survival está fazendo?
Chamando atenção para o problema
Nós precisamos que o mundo saiba da extensão e do impacto das escolas-fábrica para que todos possam ajudar a acabar com esse sistema cruel.